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Um dos medicamentos mais utilizados para tratar o Parkinson são os dopaminérgicos, que estimulam a produção de dopamina, neurotransmissor envolvido no controle motor. Apesar de eficaz, o remédio pode gerar dificuldades para controlar impulsos, com risco de surgimento de compulsões diversas — em jogos, compras e comidas, por exemplo. O alerta foi feito por cientistas franceses após um estudo com 411 pacientes acompanhados ao longo de em média três anos. Segundo os investigadores, ainda é necessário entender por que o problema surge em alguns indivíduos, mas os resultados iniciais já ajudam na busca por tratamentos mais eficazes para comportamentos compulsivos.
Os autores do estudo, publicado na última edição da revista especializada Neurology, explicam que os primeiros casos de transtornos de controle de impulsos associados à terapia dopaminérgica foram relatados no início de 2000, e que uma pesquisa realizada em 2010 indicou a mesma relação. “No entanto, a incidência de perda de controle de impulso ainda não havia sido investigada longitudinalmente, em uma pesquisa feita por um longo período de acompanhamento de pacientes”, ressalta ao Correio Jean-Christophe Corvol, médico e pesquisador da Universidade Sorbonne.
No estudo, Corvol e sua equipe analisaram indivíduos que tinham recebido o diagnóstico de Parkinson havia no máximo cinco anos. Os participantes foram questionados sobre transtornos do controle de impulsos relacionados a compras, comida, jogos e comportamentos sexuais ao longo do estudo. Do grupo, 87% dos participantes haviam tomado dopaminérgicos ao menos uma vez. No início da pesquisa, 81 apresentavam um distúrbio de controle de impulsos. Dos 330 sem o problema, 94 (28%) o desenvolveram ao longo dos três anos de contato com os cientistas.
Os pesquisadores identificaram também que doses mais altas da droga e a ingestão prolongada aumentaram a probabilidade de desenvolvimento de distúrbios de controle dos impulsos. A equipe acompanhou um outro grupo composto por 30 pessoas com transtornos de controle de impulso que deixaram de tomar dopaminérgicos. O distúrbio foi sumindo ao longo da investigação, sendo que metade desses voluntários deixou de apresentar o problema após um ano.